40ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo

Dicas e apostas para a 40ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo

Por Fernando Oriente

'Guerra do Paraguay', de Luiz Rosemberg Filho

‘Guerra do Paraguay’, de Luiz Rosemberg Filho

A quadragésima edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo começa na quinta-feira, dia 20 de outubro, com mais de 300 filmes programados. O Tudo Vai Bem assistiu alguns dos longas que serão exibidos e fez uma relação de títulos que merecem ser vistos, além de algumas apostas em filmes ainda não assistidos. A lista de dicas vai filmes bons a algumas obras-primas.

 

  • Filmes já vistos:

 ‘Elle’ (2016), de Paul VerhoevenDesde já, um dos melhores filmes dessa década e assinado pelo genial Paul Verhoeven. (Breve uma crítica do longa no site.)

Sessão Aloysio RaulinoSete filmes em curta-metragem realizados por Raulino serão exibidos em cópias restauradas. Imperdível. Raulino é um dos mais talentosos cineastas que o Brasil já teve e que, além de um diretor de fotografia único, realizou filmes seminais como diretor. Após a sessão do dia 27 na Sala Cinemateca será lançado um Box de DVDs com todos os filmes de Raulino que, além dos curtas, conta também com o longa ‘Noites Paraguayas’, obra prima realizada em 1982 e que não integra a programação da Mostra esse ano.

Filmes de William FriedkinA mostra exibe sete longas desse cineasta fundamental do cinema americano. Todos são excelentes, desde os sucessos ‘O Exorcista’ (1973) e ‘Operação França’ até o recém-restaurado ‘O Comboio do Medo’ (1977) e ‘Killer Joe’ (2011) – seu último trabalho – até a obra-prima ‘Viver e Morres em Los Angeles’ (1985). Para se ver ou rever todos.

Filmes de Marco BellocchioSerão doze filmes do maior cineasta italiano vivo (ao lado de Nanni Moretti) e dos maiores nomes do cinema moderno europeu. A 40ª Mostra exibe desde trabalhos do início de sua carreira como ‘De Punhos Cerrados’ (1965) e ‘A China Está Próxima’ (1967), passando por longas dos anos 1980 e 90 até seus trabalhos mais recentes, o que inclui o ‘Belos Sonhos’ – seu ótimo e mais recente filme, lançado esse ano no Festival de Cannes. Todos os títulos vão de muito bons a obras-primas. Para se ver ou rever todos.

‘Guerra do Paraguay’ (2016), de Luiz Rosemberg Filho – Em seu último longa, Rosemberg traz suas principais questões, pesquisas e inquietações estéticas, políticas, sociais, imagéticas e filosóficas que vem trabalhando há anos em seus ensaios em vídeo ou digital, bem como alguns desses temas que já estavam presentes em seu longa-metragem anterior, o ótimo ‘Dois Casamentos’ (2014). O diretor coloca todos esses elementos em ‘Guerra do Paraguay’ de forma brilhante, trazendo o ensaio, o texto e as questões da imagem dentro de uma linguagem absurdamente cinematográfica. O filme é uma aula de cinema, tanto nas construções de plano, na mise-en-scéne, nas variações de distâncias focais, na decupagem, nas encenações em profundidade de campo, nos planos longos e planos-sequência, no uso do scope, no uso preciso e potencializador dos espaços, bem como na composição de quadro e a forma como Rosemberg trabalha o texto de maneira enfática e seguindo elementos mais clássicos de construção diegética. Planos belíssimos, um tratamento perfeito (e dialético) da relação espaço-tempo e um discurso em inúmeras camadas. Ao lado de ‘Elle’, um dos melhores filmes lançados no mundo em 2016. Luiz Rosemberg Filho continua, após décadas, como um dos maiores cineastas que temos.

‘O Quarto Homem’ (1983), de Paul Verhoeven – Um dos principais longas da fase holandesa (pré-Hollywood) de Verhoeven. E um filme assinado por Paul Verhoeven.

‘O Último Trago’ (2016), de Luiz Pretti, Pedro Diogenes e Ricardo Pretti – leia crítica do filme aqui 

‘Martírio’ (2016), de Vincent Carelli Tudo o que foi dito sobre o filme procede. Um épico de resistência, um filme urgente e um brilhante trabalho fruto de anos de filmagens, pesquisas e imersão de Vincent Carelli nas questões relativas aos guarani-kaiwás e suas lutas por direito, identidade e terras. Além de todas essas credencias, Vincent Carelli é autor de diversos grandes filmes, incluindo um dos melhores longas sobre as questões indígenas já realizados no Brasil, o seminal ‘Corumbiara’, de 2009.

‘Elon Não Acredita na Morte’ (2016), de Ricardo Alves Jr.Filme potente, muito bem dirigido, com uma evolução dramático-narrativa sólida, inquietante e criativa. Um dos melhores filmes exibidos na fortíssima edição do Festival de Brasília de 2016.

‘No Vazio da Noite’ (2016), de Cristiano Burlan – filme que comprova que o cinema de ficção de Burlan cresce a cada novo longa. Após o belo ‘Fome’ (2015) – seu melhor trabalho até hoje -, o diretor apresenta agora esse ‘No Vazio da Noite’, em que confirma seu talento para compor planos e trabalhar questões existências por meio de imagens. Um filme fragmentado que pede a imersão do espectador para ser apreciado em todas as suas possibilidades.

  • Filmes ainda não assistidos – apostas:

‘Beduíno (2016)’, de Julio BressaneO mais novo filme de um gênio. Simples assim.

‘Correspondências’ (2016), de Rita Azevedo GomesNovo longa de Rita Azevedo, uma das mais talentosas cineastas portuguesas das últimas décadas, autora dos belíssimos ‘Frágil Como O Mundo’ (2002), ‘A 15ª Pedra’ (2006) e ‘A Vingança de Uma Mulher’ (2012).

‘O Ignorante’ (2016), de Paul Vecchialiúltimo longa do brilhante Vecchiali.

‘Canção Para Um Doloroso Mistério’ (2016), de Lav DiazLançado esse ano, o filme é mais uma possibilidade de imersão no universo intenso de filmes de longuíssima duração de Diaz. Autor de um cinema sensorial, com um tratamento precioso do tempo e uma construção dramático-narrativa aberta e cheia de texturas.

‘Poesia Sem Fim’ (2016), de Alejandro Jodorowski Mais recente trabalho do mítico e ímpar Jodorowski.

‘O Segredo da Câmera Escura’ (2016), de Kiyoshi KurosawaO cinema de Kiyoshi Kurosawa é poderoso, trata-se de autor de primeira que trabalha muito bem em diversos gêneros. O maior cineasta japonês da atualidade ao lado de Takeshi Kitano.

‘Corações Cicatrizados’ (2016), de Radu JudeRecém exibido no Festival de Locarno, o filme é uma chance de conhecer o trabalho criativo desse realizador romeno, que foge dos padrões e estéticas mais comuns do cinema contemporâneo em seu país.

‘A Cidade do Futuro’ (2016), de Cláudio Marques e Marília Hughes Novo filme dos realizadores do belo ‘Depois da Chuva’ (2013).

Link para o site da 40ª Mostra com a programação completa 

'Elle', de Paul Verhoeven

‘Elle’, de Paul Verhoeven

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